quinta-feira, 24 de julho de 2008

A CHUVA



Tec tec tec tec tec, dita o som ambiente do local onde trabalho, em um dia quente em pleno inverno, tirei o tênis, dobrei a barra da calça jeans preta e grossa, abri mais um botão da camisa de manga curta e preta. Coseguia imaginar o bafo quente saindo de todos aqueles computadores da sala de desenvolvimento de softwares formando uma nuvem de calor sobre nossas cabeças. Eis que as persianas horizontais de metais se agitam em uma freqüencia elevada causando uma arruaça nas paredes, não imaginei o que seria, achei que era o mesmo vento que nada carregava, que sempre batia a nossa janela para causar descontração. Desta vez ela vinha carregada, e como. Em alguns instantes de chuva parecia que estava chovendo a dias, e ela estava tão irritada que deu um jeito com que parassemos de trabalhar, a luz piscou os computadores resetaram, eis que a escuridão nos supreende mesmo tendo avisado, um momento de paz, um momento se tec, um momento quase que como de luto, todos parados confusos quanto o que acabou de acontecer, seguindo de resmungos sobre trabalhos de uma tarde perdida em um unico instante. Tarde tudo resolvera. Fui resgatado do local de trabalho, pois estava de moto, e despreparado para aquela tarde, "a chuva que lava a alma também mata o corpo perecivel" é o que penso sobre a chuva, e era o que pensava antes de ser resgatado, o barulho da agua caindo, o cheiro de poeira humida no ar, a barra da calça humida, luzes em plena tarde, o janela cheia de gotículas de água, o vento gelado. Chuva que veio salvar nossas almas secas, nosso corpos sedentos e narizes sedentos.